Quando se deseja fazer uma obra de reforma ou ampliação de algum cômodo existe o movimento natural de sair da zona de conforto para uma situação de mudança de mentalidade da pessoa em relação ao ambiente que se deseja mudar. Neste momento o sentimento é de criar algo novo, melhor e mais bonito para colocar no lugar da coisa velha, desgastada e que será eliminada.
Entretanto, é preciso alargar um pouco mais as possibilidades positivas que uma obra tem na realidade que a cerca. Quando olhamos além da relação de consumo e olhamos a sociedade ao redor, vemos que existem muitas pessoas pobres, passando necessidades e que estão convivendo indiretamente com a sua obra, os resíduos, entrada e saída de materiais, caçambas de entulho e lixo de coisas que não nos servem mais. Soma-se a isso ao impacto ambiental pelo aumento do consumo de recursos como água, energia e matérias-primas.
Será que nossa obra precisa ser assim tão egoísta e insensível ao seu redor?
Não! Não precisa! E um projeto de arquitetura bem resolvido precisa estar consciente para buscar soluções integrais e solidárias que permitam melhorar a realidade local, tornando-a mais sustentável, mais solidária e mais feliz para todos.
O que uma obra solidária precisa considerar?

O século XXI é o tempo da busca pelo desenvolvimento sustentável. A humanidade busca um modelo equilibrado e solidário da atividade humana, que considere a viabilidade econômica, a justiça social e a proteção do meio ambiente. E uma arquitetura integral e solidária não pode se omitir deste debate global, ainda que no ambiente local. Vamos listar abaixo quatro perguntas fundamentais que você deve considerar.
Pergunta nº 1: o que é velho pode ser vendido?
Quer ter a oportunidade de gerar uma renda extra com a sua obra de reforma? Quando se faz obra de reforma em casas antigas, algumas possuem materiais nobres que, se forem bem separados e conservados, podem ter grande valor. Exemplos: tijolos maciços de cerâmica, ornamentos de ferro, pedras de mármores, louças, metais e acessórios.
Antes de descartar, veja nos sites de venda (Mercado Livre, OLX, etc.) qual é o valor comercial destas peças. O orçamento da obra agradece.
Pergunta nº 2: o que é velho pode ser reutilizado?

Há anos a reutilização de móveis antigos é uma tendência fortíssima em projetos de interiores e elementos decorativos nas residências. Existem inúmeros blogs, sites e canais no YouTube que ensinam gratuitamente como dar uma repaginada naquele móvel antigo, dando-lhe ares de acordo com o estilo da pessoa, seja contemporâneo ou retrô saudosista.
A reutilização pode ter uma vantagem tanto estética quanto no bolso, e pode gerar economia no orçamento da sua obra.
Pergunta nº 3: o que é velho pode ser reciclado?
Muitos elementos de obra são matéria-prima para outra atividade econômica. O entulho de obra pode ser reutilizado na construção civil para aterro em vez de ir para o lixo. No planejamento da obra, considere o acondicionamento do entulho limpo para reutilização na sua obra ou para descarte por empresas que dão a destinação correta do resíduo, seja para reciclagem ou fornecimento para outras obras.
No Rio de Janeiro, a Comlurb oferece serviço gratuito de remoção de entulho para pequenas obras residenciais, através do telefone 1746.
Pergunta nº 4: o que é velho pode ser doado?
Seu armário velho, que será substituído por um móvel planejado, precisa ir para o lixo? Aquelas coisas entulhadas na garagem que será reformada precisam ser guardadas? A partir de um projeto de arquitetura, fica mais fácil para o cliente optar pela doação de móveis, peças e equipamentos substituídos, para ajudar famílias necessitadas.
Não custa lembrar que temos todos os anos pessoas desabrigadas por chuvas e desastres, que perdem seus móveis em enchentes e desabamentos. Seus móveis velhos, mas ainda em condições de uso, podem aliviar o sofrimentos destas pessoas. Separe estas coisas e doe para instituições que possam dar destinação correta.
Um exemplo que temos no Rio de Janeiro é o Exército da Salvação, que faz gratuitamente o serviço de retirada de doações e destina para os projetos sociais da organização.
Estas são só alguma dicas de planejamento de uma arquitetura integral e solidária. Com certeza existem muitas outras opções para responder cada uma das perguntas. O nosso objetivo é mostrar que estas soluções são atitudes que não aumentam em nada o custo da sua obra ou do seu projeto, mas que fazem toda a diferença na sua vida e na vida de muita gente.
Fuja à tentação do consumismo e da solução rápida. Pensar global e agir local é uma ação de quem acredita que é possível construir uma arquitetura da felicidade.
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